A propagação do mururu no Mearim
- Por Adenildo Bezerra
- 2 de nov. de 2017
- 3 min de leitura

Nos últimos quatro anos consecutivos, o rio Mearim, em seu baixo curso, sobretudo nos municípios de Vitória do Mearim e Arari, vem tendo um aumento considerável do mururu (Eichhornia crassipes) em seu leito. A presença dessa planta aquática é comum no rio, porém, ano após ano, o acúmulo da mesma vem se tornando uma constante e preocupando a população ribeirinha. Nas redes sociais, a preocupação das pessoas com esse fenômeno incomum é grande. Diariamente, várias fotos e vídeos são postados retratando o ocorrido. Da mesma maneira, muitos comentários e opiniões são postados.
Bem, mas o que vem causando esse aumento do mururu no Mearim? Esse fenômeno é benéfico ou maléfico? Quais consequências ele pode trazer? Tenho me dedicado a pesquisar sobre esse incômodo tema há mais de uma quinzena. Li artigos e matérias jornalísticas que tratam do tema em questão. Vou compartilhar neste breve texto as minhas descobertas, baseadas em argumentos de especialistas.
Em dezembro de 2016, o Jornal O Estado do Maranhão publicou uma matéria com o seguinte título: “Leito do Rio Mearim volta a ser coberto por plantas aquáticas”. Na matéria, técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) disseram que “o principal motivo para o aumento na quantidade de plantas é a maior presença de nutrientes na água. Esse problema é intensificado na época de estiagem, pois o volume de água diminui, o que acarreta a maior concentração dos nutrientes”. Em quantidade moderada, o mururu ajuda a “filtrar” a água, mas em excesso prejudica a qualidade do rio, reduzindo o índice de oxigênio na água. Uma consequência é extinção da fauna ictiológica, e, obviamente, prejuízos à atividade pesqueira.
Em janeiro de 2015, o rio Capiberibe, na cidade do Recife, sofreu com o problema. A professora Kerine Magalhães, do Departamento de Biologia da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), disse que “os poluentes orgânicos e os detritos que são despejados no rio são uma das principais causas para a propagação desses vegetais, que possuem propriedades “filtrantes” e uma grande capacidade de armazenamento em seus tecidos. Os esgotos que são despejados no rio são a principal porta de entrada para este material”.
Em abril de 2014, esse fenômeno foi registrado também no rio São Francisco, próximo à cidade de Petrolina, Pernambuco, em matéria veiculada pelo portal de notícias G1 com o título: “Baronesas às margens do Rio São Francisco são alerta de poluição”. Procurado pelo G1, à época, o ambientalista Vitório Rodrigues disse que “o crescimento da planta acontece porque há pouca correnteza. As baronesas quando morrem é lógico que tudo que a planta absorveu em termos de poluição que não foi retirado, que não foi jogado fora do manancial em que está, vai ser devolvido para a água e tudo vai continuar como antes ou talvez pior”.
De tudo que foi exposto acima, baseado em fenômenos semelhantes ao que ora ocorre no Mearim, observamos que, durante a estiagem, o volume de água diminui e há um aumento de nutrientes na água. Isto aliado com a poluição e o calor, potencializa a reprodução do mururu, uma vez que a planta possui uma intensa atividade biológica. O mururu é benéfico em quantidades normais. Em excesso, causa problemas à oxigenação da água, à passagem da luz solar que propicia a fotossíntese, à navegação, à pesca, e, como já foi falado, causa a mortandade dos peixes. Todos os especialistas que li, recomendaram a retirada do acúmulo de plantas, a fim de evitar que tudo que foi absorvido pela mesma retorne para a água após a sua morte.
A Eichhornia Crassipes recebe outros nomes vulgares como, jacinto d’água, lírio d’água, aguapé, baronesa, rainha dos lagos, entre outros. É originária das Américas do Norte e do Sul.
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