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A emblemática pescaria de choque

  • Por Adenildo Bezerra
  • 19 de jun. de 2020
  • 2 min de leitura

Pescaria de choque no povoado Félix. FOTO: Geraldo Kosinski.

O choque, também chamado de socó, é um emblemático apetrecho de pesca inventado pelos índios. A pescaria de choque, como é conhecida pelos ararienses, consiste no ato de o pescador entrar na água (campo alagado ou lago) até a altura da perna ou da cintura, conforme a profundidade, segurando o choque pela parte de cima e, em seguida, mergulhando-o com firmeza, até tocar o fundo, fixando-o na lama ou lodo, para a captura de peixes. Depois, o pescador mete a mão pela abertura superior do cesto, que ficou fora d´água, e pega o pescado que, por ventura, tenha sido capturado. Só é possível pescar utilizando o choque a partir do abaixamento das águas, que, aqui, na região da Baixada Maranhense, inicia de junho em diante. Geralmente a pescaria se estende durante todo o período estival.


O choque é um cesto cônico sem fundo nem tampa, de pouco menos de 1 m de altura, com diâmetro de abertura menor de 20 cm e a maior com o dobro dessa medida. É feito, comumente, com varas de marajá (Bactris brongniarti) mais larga na extremidade inferior, que tem ponta afiada, amarrada em torno de dois círculos, um menos, que forma a “boca” do apetrecho, e outro maior, que fica no meio, dando a forma cônica ao instrumento. As principais espécies capturadas com esse método de pesca são: Hoplerythrinus unitaeniatus (jeju), Hoplasternum littorale (tamatá), Hoplias malabaricus (traíra ou tarira, na linguagem local) e Heros severus (carambanja), por serem espécies endêmicas de regiões pantanosas, como a Baixada Maranhense.


Devido a engenhosidade do choque, pois a sua confecção requer muita habilidade, a pescaria de choque é uma das mais emblemáticas da nossa região. Todavia, é uma atividade perigosa, principalmente se for desenvolvida em um baixo, poção ou lago onde há piranhas (Pygocentrusnattereri), poraquê (Electricus Electrophorus) ou arraia (Potamotrygon motoro). Os exímios pescadores, sabem, por exemplo, quando há piranhas presas no choque. Segundo os próprios pescadores, quando uma piranha é capturada, ela morde as varas do instrumento, então, ergue-se o choque lentamente para que ela saia.


Nas comunidades rurais é uma pescaria bastante divertida, até. Os pescadores se reúnem em grupos para irem aos campos, lagos e poções para pescar. Antes de entrarem na água, amarram o cofo na cintura para colocarem os peixes capturados e, assim, ficarem com as duas mãos livres para manusearem o choque. Durante uma pescaria, os pescadores percorrem uma vasta área, vasculhando os lamaçais, lodos e moitas de mururus a fim de encontrarem os peixes para “choquearem”. A pescaria de choque é uma das que menos agridem o meio ambiente e, através dela, é possível que o pescador selecione os exemplares maiores, preservando as espécies menores.





 
 
 

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