A capela e a festa de Santana, no Perimirim
- Adenildo Bezerra
- 12 de jan. de 2023
- 3 min de leitura

Sabemos que Arari tem mais de dois séculos de povoação. Desde 1720 temos registros de doação de sesmarias nessa região do Mearim, onde o município está localizado. Sesmeiros como Francisco Vieira, pediu doação de terras ao governador Bernardo Pereira de Berredo para criar gado e praticar a agricultura de subsistência. Sabe-se, também, que em junho de 1720 o fidalgo da Casa Real Padre José da Cunha d’Éça adquiriu terras nessa parte do Mearim e que, em 1723, já no governo de João da Maia da Gama, iniciou a construção de uma igreja e de um curral às margens do Mearim, fez vir gado de Cabo Verde, além de ter doado outras abegoarias à referida igreja.
Nesse período do século XVII, é provável que já existia uma paróquia no Sítio Velho, a de Nossa Senhora de Nazaré, e que essa parte de Arari já era povoada. Pois bem, desse modo, espalhou-se por várias partes de Arari várias capelas, como, por exemplo, a capela de Nossa Senhora da Graça, construída por Lourenço da Cruz Bogéa, em 1806, a capela do Carmo, a capela de Santa Luzia iniciada em 1894 e a capela de Sant’Ana, edificada em 1895. Essas quatro capelas citadas estão, portanto, entre as mais antigas de Arari.
Mas a nossa intenção com este texto é narrar, em linhas gerais, sobre o surgimento da capela de Santana, no bairro do Perimirim e elencar elementos que possam ampliar o nosso conhecimento acerca dessa importante e secular edificação sacra em Arari. Tudo que hoje existe nas proximidades da capela hoje, com destaque para o porto fluvial de Santana, é em função dela própria. A capela de Sant’Ana é um dos patrimônios arquitetônicos e históricos ararienses.
A nossa principal fonte de pesquisa foi o livro RAIZES DE ARARI, da historiadora e escritora arariense, Marise Ericeira. Nas páginas 539 e 540 ela nos conta o seguinte:
“Desde o final do século XIX, o povo arariense festeja a mãe da Virgem Maria, no Bairro do Perimirim. No ano de 1895, eles iniciaram a celebração desse festejo numa humilde capela, localizada no mesmo local atual, porém mais próxima da margem do rio. No decorrer das décadas, a organização desse festejo esteve a cargo de várias pessoas daquela comunidade. Segundo nos informaram o primeiro responsável por essa festa foi Teodoro Antônio Batalha (bisneto de Lourenço da Cruz Bogéa). Depois que mudou religião, outros moradores desse bairro assumiram organização dessa festa. Entre esses podemos mencionar: Neide Silva (bisneta de Manoel Antônio Silva), Leonízia Santos e Antônio Lima. Atualmente, essa festa continua celebrada 26 julho - Dia de São Joaquim e Santa Ana. Esse festejo foi preservado através dos anos pela comunidade católica do Perimirim e entre os organizadores atuais, destacamos a presença dinâmica de Antônia Pereira Silva (Dona Silva)”.
Historicamente, uma característica marcante do povo arariense é a religiosidade. A maioria dos festejos religiosos de rito católico são seculares. O festejo de Santa’Ana continua vivo em Arari, e tem um grande significado na formação do bairro do Perimirim.
A capela de Sant’Ana é o maior patrimônio histórico do bairro que, apesar de ter um considerável desenvolvimento, ainda preserva a vida bucólica. Hoje, um dos pontos que tem ganhado destaque é o porto de Sant’Ana, que fica em frente à capela, daí o seu nome. A capela fica de frente para o rio Mearim, logo, o porto sempre foi bastante movimento, sobretudo no período do festejo.
O PORTO DE SANT’ANA

Com a erosão das margens do Mearim na cidade de Arari, que dificultou o acesso dos banhistas ao rio, o porto de Sant’Ana passou a ser muito procurado para o banho de rio ou para a sua contemplação. Apesar de parte do cais ter sido revitalizada nas proximidades da Igreja Matriz, o acesso ao rio ficou ruim para tomar o revigorante e animado banho do Mearim. O porto de em frente à capela de Sant’Ana ficou mais acessível.
Como há muito visitação ao porto, sobretudo durante as grandes marés de pororoca, a Comunidade em parceria com a Municipalidade decidiram revitalizar o local, que ganhou uma barreira de contenção da erosão com pneus descartados, iluminação, brinquedos e bancos. O espaço ficou aconchegante e adequado para o banho, visitação e contemplação da paisagem idílica.
Sem dúvida, o porto de Sant’Ana é um dos belos cartões postais de Arari. Um dos pontos turísticos mais visitados atualmente. Percebe-se o orgulho dos moradores da comunidade de Perimirim em relação ao belo local. Nas redes sociais, muitas pessoas postam fotos mostrando a beleza do porto. O Mearim é um rio maravilhoso, que favorece a organização de ambientes exuberantes às suas margens, como o porto de Sant’Ana.
REFERÊNCIA
ERICEIRA, Marise. Raízes de Arari. Unigraf, São Luís, 2012, p. 539-540.
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